
A arte foi escolhida como remédio para curar as feridas deixadas pela violência doméstica. Cássia Maria da Silva Garcia, tem 42 anos. Ela é técnica em enfermagem, terapeuta comunitária, professora de arte em mosaico, escritora, poeta e idealizadora de quatro projetos sociais. Uma mulher cheia de vida e de sonhos que um dia, como inúmeras mulheres, foi vítima de um relacionamento abusivo.
Entre namoro e casamento foram 19 anos de convívio. Uma relação repleta de altos e baixos, estabelecida pelo medo, pela insegurança, com fortes doses de violência psicológica, que lentamente, como um conta gotas, foram minando a autoestima de Cássia.
“Ele me xingava, me ofendia, me humilhava e no dia seguinte me enviava rosas. Pouco a pouco foi abalando minha estrutura psicológica, fazendo com que eu desacreditasse de mim, das minhas potencialidades”, conta Cássia.
Em 2015, já vivendo no limite, sem aguentar a tortura psicológica, que a essa altura já era cotidiana, Cássia deu um basta à relação.
Ela precisou viver sob medida protetiva, encarou um divórcio litigioso, repleto de perseguições, e apesar da dor, não se deixou abater.
No ano seguinte, na véspera de uma audiência pela guarda dos filhos – um casal, foi surpreendida por um bandido mascarado dentro da casa em que vivia e que era disputada pelo casal na justiça.
Durante o episódio, Cássia mais uma vez foi vítima da violência, agora física e cometida por um agressor desconhecido. Foi um trauma que deixou marcas profundas. Ela passou a apresentar um quadro de pânico, depressão, medo e desespero.
Cássia foi encontrando forças, se reerguendo e graças a ajuda dos profissionais e das equipes multidisciplinares, voltou a trabalhar e a ajudar outras mulheres através da arte e da terapia.
A justiça determinou que o ex companheiro passasse a fazer tratamento psiquiátrico - sem data de término, e deu a guarda unilateral dos filhos do casal para Cássia.
Ela, que hoje é a protagonista de sua história, superou as mágoas, aprendeu a perdoar, e passou a incentivar a convivência dos filhos com o pai.
“Hoje vivo a paz. Superei a violência e busco empoderar outras mulheres, que como eu foram vítimas de violência doméstica”, diz.
Foto e texto: Ísis Dantas
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